sexta-feira, 24 de junho de 2016

Finalistas do concurso da Acredita Portugal apresentam projectos a investidores


Foram seleccionados os 20 finalistas da presente edição do concurso de empreendedorismo da Acredita Portugal, de entre mais de 13 mil candidaturas. Os projectos vão ser agora submetidos a uma última fase de avaliação para encontrar os vencedores que irão receber apoio especializado para a sua entrada no mercado.

Os 20 projectos finalistas da 6ª edição do concurso de Empreendedorismo da Acredita Portugal estão a preparar-se para a última fase de avaliação da iniciativa, “um 'pitch' a um júri convidado que vai permitir seleccionar as ideias vencedoras que vão levar para casa uma bolsa de serviços fornecida por parceiros de suporte à sua implementação no mercado”, afirma a organização em comunicado.

As mais de 13 mil ideias inscritas foram submetidas à ferramenta pedagógica DreamShaper, através da qual aprenderam a desenvolver o seu plano de negócio. Os projectos finalistas estão agora num período de pré-aceleração, “encontrando-se a receber acompanhamento individual pela equipa da Acredita Portugal e por especialistas que irão garantir que os projectos estão o mais preparados possível para angariar investimento e preparar a sua entrada no mercado”. Este processo culmina no dia 17 de Junho com o momento de 'pitch' ao júri e investidores. Os vencedores do concurso serão conhecidos na Gala da Acredita Portugal, que se realiza no dia 25 de Junho, em Lisboa.
Para Pedro Queiró, CEO da Acredita Portugal, “assistimos nesta edição do concurso da Acredita Portugal a um reforço da qualidade dos projectos submetidos. Os 20 finalistas seleccionados representam o espírito empreendedor que identificamos no contexto nacional, a capacidade para idealizar uma ideia inovadora e para a tornar um activo apetecível para o mercado. Neste sentido, confirmamos o desígnio desta iniciativa enquanto palco para dar visibilidade aos empreendedores portugueses”.

Os 20 finalistas integram três categorias distintas do Concurso, Realize o Seu Sonho (projectos de Comércio, Serviços e Indústria; Novas Ideias e Empreendedorismo Social), InovPortugal (Alta Tecnologia; Novas Ideias – B2B e Novas Ideias – Web & Mobile) e Brisa Mobilidade.
Aos vencedores dos concursos promovidos pela Acredita Portugal são disponibilizadas parcerias com entidades de natureza diversa, esperando que constituam as ferramentas essenciais para apoiar na fase de ‘go to market’, a par de um prémio de investimento no valor de 50 mil euros concedido a um dos finalistas por um dos parceiros da associação.

São os seguintes os finalistas do concurso: CrispyAll; Slash Creative Hair Studio; Sapateiro à porta de casa!; Malcriado ; OCTO - Sustainable Lifestyle; Casca Rija; Academia Onda Technology; ImpactTrip; Indigo Social Network; Custom Drones; FYT Jeans; NewTech - Serviços médico-tecnológico; FabricsExchange – Plataforma de sourcing para a indústria têxtil; Dflow; NeuroPsyCAD; InstaSports; Jesbee; Tic Tac Ticket; Black Box for Road Vehicles; e ParqNgo.

Say U Consulting ‘ensina’ comunicação às startup’s

 

A consultora vai percorrer o país com a Rota COMM para StartUPs e Empreendedores, um workshop pensado para potenciar a comunicação de startups e de projectos de empreendedorismo.


A Consultora de Marketing de Comunicação Say U Consulting, vai desenvolver a ‘Rota COMM para StartUPs e Empreendedores, “um conjunto de workshops orientados aos desafios da comunicação numa startup. Como lidar com os desafios da comunicação no contexto de uma startup e como criar buzz à volta de um produto ou serviço sem gastar uma fortuna é a resposta que a ‘Rota Comm para StartUPs e Empreendedores’ pretende dar”, conforme avança a empresa em comunicado. Esta iniciativa procura “colmatar uma lacuna na oferta formativa nacional e dotar empreendedores, gestores de startups e profissionais de comunicação que se pretendam especializar neste nicho, de ferramentas que ajudem a contar histórias”.

Para Marta Gonçalves, Managing Partner da Say U Consulting, “foi no decorrer da nossa relação com a Associação Acredita Portugal e com os candidatos e vencedores dos Concursos de Empreendedorismo, que concebemos a ‘GO360’ – uma metodologia desenvolvida para ser aplicada à concepção das estratégias de comunicação de negócios startup. Nestas interacções repetimos vezes sem conta que uma estratégia de comunicação bem delineada é um componente chave do marketing de qualquer startup, uma vez que as acções certas ajudam à descodificação do produto ou do serviço, a construir reputação, confiança e credibilidade, e sedimentam um interesse sustentável, contribuindo para a longevidade das marcas. Nesta ‘Rota’, pretendemos ajudar a reflectir sobre como as marcas podem a contar a sua história, encontrar a voz própria, que faça de uma mensagem clara e simples algo de interessante e único”, reforça ainda.


“Apesar de os portugueses serem na União Europeia dos que mais arriscam em termos de empreendedorismo, Portugal tem uma das menores taxas de sobrevivência entre as empresas mais jovens. Tendo este cenário bem presente na nossa memória, procurámos disponibilizar uma oferta formativa que ajudasse a reflectir de forma prática sobre o que separa os grandes dos pequenos e o que determina o sucesso e, inversamente, o que leva ao insucesso. A comunicação, como vector chave de sucesso, é disso um bom exemplo”, concluiu.


A ‘Rota’, que arranca a 22 de Junho na cidade do Porto com o UPTEC, tem como objectivo “aproximar-se da realidade do empreendedorismo no terreno através de workshops realizados em centros de incubação espalhados pelo país e disponibilizar instrumentos para uma estratégia integrada de divulgação em momentos-chave tais como o ‘go-to-market’ ou a captação de novos mercados”, refere ainda o comunicado. Nesta primeira fase, para além do workshop ‘Bê-á-Bá da Comunicação para StartUPs e Empreendedores’ do Porto, estão já calendarizadas acções para Lisboa (LISPOLIS) a 30 de Junho, em Almada (MADAN Parque) a 7 de Julho, em Vila Nova de Gaia (INOVAGAIA) a 14 de Julho e Guimarães (Avepark) no dia 15 de Julho. A 15 de Setembro, a ‘Rota’ desce ao Sul para uma acção em Faro, com a ANJE.

sábado, 18 de junho de 2016

Empreendedorismo: as 5 maiores desculpas que atrapalham seu negócio

 

Empreendedor dá dicas para aqueles que desejam abrir sua própria empresa, mas está inseguro; veja o que ele ensina

 

Você sonha em ser um empreendedor de sucesso? Quando, finalmente, parece ter encontrado uma ideia de negócio, pensa sobre isso e, sem entender o porquê, acaba não conseguindo dar início? Você já se pegou pensando em ‘desculpinhas’ do tipo: “um empreendimento próprio pode ser arriscado?” e “tenho um trabalho tão seguro”? Tudo isso te soa familiar? Pois bem, fique atento: o mercado não tem espaço para fraqueza!
Publicidade

Abaixo, o empreendedor Ravin Gandhi, CEO e cofundador da GMM Nonstick Coatings, lista alguns dos argumentos mais comuns que atrapalham os negócios para que você os elimine de uma vez por todas de sua cabeça e, claro, dê continuidade no seu sonho. As informações são do Entrepreneur.

1. "Não é a hora certa para empreender"
“Já vi pessoas que se tornaram empreendedores na adolescência e outros que começaram seu primeiro negócio aos 60. Aqui está um segredo: não existe um momento certo. Isso não existe. Você poderá se convencer a não começar por diversos motivos: falta de dinheiro, experiência, tempo, contatos, confiança, conhecimento... A lista vai embora! Meu conselho? Tenha fé que, agora, é a hora perfeita. Um ano ou dois anos depois, você verá que isso é verdade”.

2. "E se eu falhar?"
Empreendedores tendem a ser pessoas cheias de confiança. Tanto que não costumam se concentrar em chances de fracasso. “É fato que 80% dos negócios falham dentro dos primeiros 18 meses. Por isso, minha recomendação é que você abrace todas as possibilidades de falha. Por quê? Porque, se você falar, aprenderá alguma coisa valiosa para você mesmo, sobre negócios e sobre a vida. Poderá começar outro negócio, ou talvez perceber que empreendedorismo não é para você. Mas se você não tentar, simplesmente não saberá. E o medo de falhar não deveria nunca te parar: lembre-se de que pessoas à beira da morte normalmente se arrependem de coisas que não fizeram – não das coisas que fizeram”.

3. "Não economizei dinheiro suficiente"
Muitas pessoas que aspiram a começar um negócio são provedores familiares, não podendo ficar sem o ganha-pão do salário. “Se o seu caso for este, recomendo que, primeiramente, economize dinheiro suficiente para viver por 18 meses sem outra fonte – antes de iniciar os negócios. É a chamada ‘regra dos 18 meses’ que faz com que seja mais fácil largar um emprego assalariado”.

4. "As pessoas não me veem como um empreendedor"
Primeiramente, como um potencial empreendedor, você deve ignorar o que outros pensam sobre você, uma vez que sempre haverá os ‘céticos’. Evite estas pessoas se você puder. E mais importante é que você dê um salto e inicie seus negócios: você ficará impressionando em quão rápido estas mesmas pessoas mudam de opinião! Quando você for chefe, será visto como um líder apesar do fato de já ter sido um gerente comum...

5. "Isso parece tão difícil..."
Você está certo. Começar um negócio é muito difícil. Talvez seja uma das coisas mais difíceis que você fará em sua vida toda: perderá sono, brigará com seu cônjuge, terá menos tempo para seus filhos e, potencialmente, perderá dinheiro. Já te assustei? Espero que sim. Porque, se você não tiver pronto para ‘sujar as mãos’, não poderá nem começar a pensar em começar um negócio. Se ser empreendedor fosse fácil, todo mundo seria. “Meu conselho é ser muito honesto com você mesmo e, se você souber profundamente que será capaz de fazer isso, então dê um salto e faça seu trabalho”.

Obama convida Portugal para cimeira 

 

Delegação portuguesa participa em cimeira do empreendedorismo organizada pelo Presidente dos Estados Unidos

João RamosJoão Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria, foi convidado pela Casa Branca a participar na 7ª edição da Global Entrepreneurship Summit (GES), um evento de empreendedorismo que decorre de 22 a 24 de junho na Universidade de Stanford, na Califórnia.

Da comitiva portuguesa que estará presente no coração do Silicon Valley fazem parte também os líderes de duas startups portuguesas, a NuRise e a D-Orbit.

O ponto alto da cimeira será a mesa redonda organizada pelo governo dos Estados Unidos, no qual participará João Vasconcelos e um grupo restrito de governantes de alguns países (a Europa terá apenas quatro representantes) envolvidos na implementação de estratégias de empreendedorismo.

Os convites da Casa Branca foram feitos por carta aos governantes que tenham “currículo na promoção do empreendedorismo“, que “tenham planos concretos para apoiar o ecossistema empreendedor no seu país” e também que tenham “disponibilidade para anunciar um novo programa governamental destinado a apoiar esse ecossistema”. Há cerca de duas semanas o Governo português apresentou a Startup Portugal, a estratégia nacional de empreendedorismo.

700 empreendedores
Organizada pelo Presidente Barack Obama, esta cimeira está subordinada ao desígnio “criar condições para que os empreendedores de todo o mundo tenham os recursos e redes necessárias para que possam mudar o planeta”.

Em edições anteriores, a Global Entrepreneurship Summit tinha decorrido na Turquia, Emirados Árabes Unidos, Malásia, Marrocos e Quénia.

De regresso aos Estados Unidos, esta edição de 2016 conta com mais de 700 empreendedores, provenientes de 170 países. Os sectores mais representados são as tecnologias de informação, educação, saúde e energia. Participam também 300 investidores, na maioria capitais de risco e aceleradoras, provenientes de 65 países.

As duas empresas portuguesas presentes na Global Entrepreneurship Summit são da área da saúde e do aeroespacial. A NuRise desenvolveu detetores de radiação na área da medicina e do combate ao cancro. E a D-Orbit PT criou um software de controlo de satélites em final de vida.

Portugal junta-se aos 48 países presentes na Organização de Empreendedores

 

A Organização de Empreendedores (EO) tem 12 mil membros e 157 comunidades, em 48 países. Portugal vai entrar e lançar a EO Portugal, que arranca com 16 empreendedores.

Portugal já está presente na Organização de Empreendedores (EO), uma rede internacional que junta 12.000 empreendedores de 48 países, todos eles fundadores ou cofundadores de empresas com faturação superior a um milhão de euros ou com rondas de financiamento recentes acima dos dois milhões de euros. Em Portugal, a rede agora criada conta com 16 membros, entre os quais Miguel Santo Amaro, cofundador da Uniplaces, José Pires, diretor geral da Krautli Portugal, e Pedro Janela, cofundador e CEO do WYgroup.

"O objetivo principal ao criar o Chapter português é em primeiro lugar trazer para Portugal o acesso a uma rede de empreendedores que conta já com 12.000 membros em todo o mundo, espalhados por 150 Chapters [redes locais] (…). O simples facto de Portugal não estar na lista, com o crescimento do empreendedorismo [no país,] era razão suficiente para criar esta associação em Portugal”, explica Pedro Janela ao Observador, em resposta enviada por escrito.

Países como Espanha, Irlanda, Reino Unido, Alemanha e Bélgica, por exemplo, já se tinham associado à Organização de Empreendedores (EO). Com a criação de uma rede portuguesa, estes 16 empreendedores apostam sobretudo na “criação de pontes” entre empreendedores com empresas maduras nacionais e internacionais, com vista ao “crescimento das exportações” do país.

"As linhas de ação têm sobretudo a ver com o crescimento das exportações [nacionais] pela criação de pontes globais entre empreendedores. Com o crescimento pela aprendizagem das organizações lideradas por estes empreendedores, com o crescimento pessoal de cada empreendedor enquanto líder de uma empresa que gera um impacto considerável na economia e na sociedade. (…) Este crescimento é essencial para termos melhores empreendedores com visão global em Portugal”, afirma o membro da EO Portugal.

“Queremos ter 150 membros”

O lançamento desta associação nacional de “empreendedores com empresas maduras” será feito na próxima segunda-feira, na Universidade Católica, em conferência a que o Observador se associou. No evento, estará presente o chairman da Organização de Empreendedores (EO), Gilberto Crombé, o cofundador da Trivago, Rolf Schromgens, e o empreendedor Peter Sage, fundador de grupos como a World Wide Health Corporation (WWH) e o Energie Fitness Group, entre outros. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas aqui.

A Organização de Empreendedores (EO) é uma organização fundada em 1987, nos Estados Unidos, que tem como missão “ligar empreendedores líderes” em vários países para promover “a aprendizagem e o crescimento” nas suas organizações. Tem 12 mil membros, espalhados por 48 países. Como explica Pedro Janela, “a EO nasceu nos Estados Unidos, onde, desde sempre, a colaboração e criação de redes são um fator fundamental no desenvolvimento de qualquer negócio.”

"É essa a visão que temos para a EO Portugal. Os negócios precisam de pontes, redes e confiança e a EO é uma forma de construir todos eles. (…) Queremos ter, nos próximos dois anos, 150 membros do Chapter Português, que é o número que por exemplo Amesterdão tem. A dimensão a a escala são importantíssimas para que a EO Portugal faça a diferença. Em especial em empresas de cariz exportador”, sublinha Pedro Janela, que explica ainda que “a aceitação de novos membros carece de um convite pelos atuais membros, nacionais ou internacionais, além do preenchimento dos requisitos mínimos” impostos pela organização.

O futuro poderá passar pela criação da EO Lisboa e da EO Porto, acrescenta o responsável. “Mas para isso teremos de ter escala. Por agora queremos dar a conhecer o projeto, os benefícios e a nossa missão e, à medida que mais empreendedores se forem juntando, tomar a decisão de ter dois chapters [duas redes locais] ou mais”, afirma.

 

terça-feira, 14 de junho de 2016

Concurso Empreender e Inovar na UE alargado até ao final do mês

 

O desafio foi lançado aos estudantes do distrito e foi aceite por um vasto leque de instituições que abarcou universidades, institutos politécnicos e escolas profissionais que apresentaram os seus projectos ao Concurso Empreender e Inovar (CEI) na União Europeia.
Os alunos foram convidados a gerar ideias inovadoras para o CEI que vai distinguir e premiar as melhores propostas e estimular a criação de novas empresas.

O público-alvo são os estudantes de ensino secundário ou profissional, ensino superior ou membros de Clubes Europeus, residentes nas NUTS do Cávado (Esposende, Barcelos, Braga, Vila Verde, Amares e Terras de Bouro) e do Ave (Vila Nova de Famalicão, Guimarães, Vizela, Póvoa de Lanhoso, Fafe, Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto e Mondim de Basto). Também poderam concorrer estudantes não residentes nas referidas localidades, desde que estudem nesta área geográfica.

Com êxito já garantido, a data limite para o envio de candidaturas foi alargada até 30 de Junho para que os jovens tenham mais tempo para apresentar os seus projectos.
 

O CEI é uma iniciativa conjunta do jornal Correio do Minho, da rádio Antena Minho, do Centro de Informação Europe Direct de Barcelos (CIED Barcelos) e do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), que o eurodeputado José Manuel Fernandes apadrinha e três empresas apoiam: Primavera BSS (Braga). a Porminho (Vila Nova de Famalicão) e a Pizarro SA. (Guimarães).
 

Para Alzira Costa, coordenadora do Centro de Informação Europe Direct de Barcelos (CIED Barcelos), “o concurso está a ser um êxito, na medida em que foram apresentadas 28 candidaturas que vão ao encontro dos objectivos deste concurso. As candidaturas apresentadas foram de encontro aos objectivos pré-definidos, designadamente “o de fomentar a capacidade de identificação de problemas do meio circundante e de gerar ideias criativas e inovadoras com capacidades para configurar novas soluções na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos”.  

A coordenadora do CIED Barcelos realçou a abrangência das candidaturas e a diversidade temática. “Não temos um padrão dos projectos, mas uma grande diversidade em termos de temáticas, onde podemos verificar inovação e criatividade nas soluções apresentadas”.
Cerca de 60 por cento das candidaturas submetidas à avaliação do júri deste concurso foram desenvolvidas individualmente e os restantes 40 por cento foram desenvolvidos em grupo, com o máximo de 3 elementos, tal como prevê o regulamento.

Em termos de localidades, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão são as cidades com maior número de candidaturas apresentadas. O eurodeputado José Manuel Fernandes, que desde a primeira hora aceitou apadrinhar este concurso, receberá no Parlamento Europeu os melhores projectos de inovação e empreendedorismo, que ajudará a promover e divulgar.

Para o eurodeputado “este prémio resulta do meu compromisso de proximidade com o território. Nós temos capacidade, somos um território onde temos a força da natureza, mas onde também temos conhecimento, grandes instituições, jovens que podem ajudar aos objectivos que eu defini: emprego, empresas e empreendedorismo”, salientando a importância da inovação no mundo global. “Neste mundo global só poderemos competir com investigação, inovação, estando na linha da frente, com aposta nas qualificações e nunca será com mão-de-obra barata que conseguiremos estar na dianteira”, referiu.

“A União tem como grandes adeptos os jovens. São aqueles que estão mais apretrechados para a globalização, outros chamam-lhe a mundialização que nem sempre é bem compreendida e interpretada. A mobilidade das ideias e do conhecimento também é importante e acontece a uma grande velocidade”.
Os projectos finais deverão ser entregues até ao próximo dia 30 de Junho, no jornal ‘Correio do Minho’, em Braga ou no Centro de Informação Europe Direct de Barcelos, no Campus do Instituto Politécnico do Cávado e Ave, em Vila Frescaínha S. Martinho, Barcelos.

"Temos de apostar no ensino profissional"

 

O presidente-executivo da Egor, Amândio da Fonseca, defende que é necessário apostar no ensino profissional para combater o desemprego jovem.


Acha que as empresas vão ter de se habituar ao envelhecimento da população? Estamos numa fase de declínio demográfico. Que impacto vai ter no mercado de trabalho?

Vai ter um impacto muito importante. Repare, tivemos a fase dos yuppies. São vagas culturais. Na fase yuppie, quanto mais jovens melhor. Essa fase já foi ultrapassada. Em alguns casos até com maus resultados, como vemos no mercado de trabalho e em alguns casos mediáticos. Casos da banca, casos noutras empresas. Houve uma normalização deste fluxo e hoje as empresas começam a perceber, até porque nós, empresas de recrutamento, fazemos um esforço muito grande de valorizar essas pessoas. A situação inverteu-se e está a inverter até porque com a emigração, o recurso a pessoas mais jovens também diminuiu significativamente. As sociedades evoluem em fluxos e, portanto, houve a época em que as pessoas estavam em baixo e agora estas pessoas começam a ter alternativas de emprego. É evidente que depende do seu perfil, do sector onde estão, do tipo de ajustamento que essas pessoas forem capazes de fazer.

O empreendedorismo é uma solução ou uma moda passageira?

Diria que é as duas coisas. É moda porque o empreendedorismo surge como uma forma de motivação dos jovens e de criar projectos de empregabilidade. Há uns anos, apontavam as estatísticas, sabíamos que por cada cinco projectos de empreendedorismo apenas dois vingavam e os outros desapareciam. Hoje, a grande maioria dos projectos de empreendedorismo está a surgir na área dos IT. E está a aumentar significativamente o número de projectos de empreendedorismo com sucesso. Para esses, o empreendedorismo é realmente uma solução. Por outro lado, surgiram negócios realmente incríveis, de uma criatividade enorme, e que estimularam as pessoas.

Do ponto de vista do empregador, é algo que se valorize no currículo mesmo que o projecto tenha corrido mal?

É importantíssimo. Uma empresa com uma cultura de gestão normal, já não diria de alto nível, quer pessoas que tomem decisões, que sejam empreendedoras, que façam as coisas acontecer. Costumo dizer que há três tipos de pessoas na vida: as que fazem acontecer, as que veem acontecer e as que não veem nem fazem. Estas últimas são pessoas que entraram prematuramente na fase de declínio. As empresas querem pessoas que façam acontecer.

Um jovem que lance uma empresa ou um projecto que corre mal. Em Portugal há muito aquela tendência para recear o falhanço. É algo que prejudique o currículo de um jovem?

Para muitas pessoas, sim. Ao contrário da cultura americana, que se eu não tenho dois, ou três ou quatro fracassos, não presto, não sirvo, porque não aprendi os mecanismos da frustração, da resiliência e de lidar com as dificuldades, em Portugal já se deu mais importância a essa questão do que hoje. Até pela escassez de recursos qualificados. Temos uma grande escassez de pessoas qualificadas. Hoje recrutar é difícil.

É uma escassez porque essas pessoas estão a ir para fora?

Nós procuramos sobretudo pessoas qualificadas porque é o que as empresas nos pedem. Muitas foram para fora, houve uma massa muito grande de pessoas, cerca de 200 mil ou 300 mil pessoas que foram para fora, muitas delas qualificadas. Muitas delas foram para fora porque a economia não tinha possibilidade de as absorver. Formámos cinco ou seis milhares de enfermeiros todos os anos e o mercado só absorve dois ou três mil. O que vão fazer estas pessoas? Têm de ir para fora.

Do seu ponto de vista, o que podia ser feito, que medidas podiam ser tomadas, ou alguns obstáculos que pudessem ser ultrapassados para conseguir combater o desemprego em Portugal?

Eu diria que temos de apostar no ensino profissional. Essa tem sido uma das áreas onde, naquela fase da licenciatura, em que todos queriam ter uma licenciatura, as pessoas não iam para ao ensino profissional e não colmatavam uma lacuna. Foi provavelmente o maior erro da revolução, acabar com os cursos intermédios, os cursos industriais e os cursos comerciais. Esse foi provavelmente um dos grandes erros que foram cometidos. O ensino profissional não era considerado muito interessante, em termos de estatuto, em termos de imagem. Essa situação só se modificou quando as pessoas em massa começaram a verificar que tinha o licenciado em casa desempregado e o vizinho do lado tinha um filho com o 11º ou o 12º ano, mas que tinha terminado um curso de electricista ou de canalizador, e estava empregado, tinha carro e vivia bem. Isso provocou, em termos colectivos, um sentimento de que o curso profissional cria muito mais oportunidades de emprego quer cá quer fora. Hoje, uma pessoa com o 12º ano para emigrar vai fazer o quê? França e toda a Europa está cheia de pessoas deste tipo que não tem lugar.

Há estatísticas que demonstram que, apesar de tudo, os licenciados vivem melhor do que os não licenciados…

Obviamente que sim. A licenciatura é essencial. Agora, a questão é da escolha da licenciatura. Esta escolha não pode ser apenas feita pelo coração. A orientação vocacional, que é um dos defeitos que temos no nosso ensino, não há orientação vocacional, deve ensinar um jovem a ponderar ‘ok, eu gostava muito disto mas qual é o mercado de trabalho, tenho emprego ou não tenho emprego nesta profissão?’.

Os incentivos às empresas para contratarem, nomeadamente mão-de-obra mais jovem, devem continuar, devem ser aprofundados, ou não?

Acho que sim. Não tenho números. Provavelmente o ministério terá. Mas uma grande percentagem das pessoas que fazem este tipo de estágio consegue ficar nas respectivas empresas. No mercado de emprego, a partir do momento em que apresentam uma experiência, que apresentam referências, tem uma vantagem significativa relativamente a outras pessoas. Na Egor, devemos ter dez ou 12 pessoas que entraram por essa via. São jovens que saíram da faculdade de psicologia, e desse género, e que entraram, começaram a trabalhar e que ao fim do período de estágio passaram ao quadro porque foram selecionadas. Vimos que eram pessoas que nos interessavam e portanto considero que é uma medida muito positiva. Receio é que em termos financeiros, o investimento que está a ser canalizado para essa área tenha vindo a diminuir na medida em que cada vez mais é difícil obter autorização do Instituto do Emprego e Formação Profissional para assumir esses estágios profissionais.

De onde vem o interesse lá fora pelos trabalhadores portugueses? Quais são os países que neste momento estão a recrutar em Portugal e para onde?

Os trabalhadores portugueses em todo o mundo são considerados trabalhadores exemplares. O que levanta um paradoxo terrível: por que é que cá temos a produtividade mais baixa da Europa e noutros países somos considerados modelos. Ou nas multinacionais que estão em Portugal, como a AutoEuropa, a Bosch, Siemens e outras multinacionais, onde os portugueses são considerados trabalhadores exemplares. Essa é uma componente ligada ao tipo de gestores que temos em muitas das nossas empresas, a baixa qualificação. Outra questão é porque realmente, neste momento, toda a Europa há falta de pessoas nessas áreas: há falta de enfermeiros, há falta de informáticos, há falta de designers, há falta de engenheiros. O português não só tem uma integração muito fácil em todos estes países e uma capacidade de adaptação muito grande, como na realidade temos escolas magníficas.

Relativamente a Portugal, qual a sua perspectiva de futuro? Falou que alguns investimentos estão a vir para o país. A sua perspectiva é que haja alguma melhoria mesmo com o crescimento esteja a diminuir ou não?

Teremos investimento selectivo. Aqueles investimentos muito grandes que empregavam centenas de pessoas dificilmente os teremos. O nosso mercado é um mercado pequeno e há um certo esgotamento. O que estamos a ter é realmente muitos investimentos em termos de grandes empresas que estão a mudar para Portugal as suas áreas de research e desenvolvimento, porque reconhecem que nós temos excelentes profissionais e que os custos dos nossos profissionais são muito mais baixos do que nos países de origem.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Mas, afinal, o que é isso das startups?

 

1. O que são startups?

E, já agora, scaleups? Procura-se no site do dicionário Priberam a palavra startup (lê-se stàrtâpe...) e fica-se a saber que se trata de uma “empresa ou negócio novo ou em fase de arranque”. Nos escossistemas de empreendedorismo, este anglicismo é associado a empresas inovadoras de grande potencial de crescimento. Por exemplo, não se chama startup a uma empresa que apenas quer abrir um café de bairro. Mas se o projeto for criar uma cadeia de cafés com um conceito inovador já podemos chamar-lhe startup. A maioria está associada à tecnologia digital, mas já existem startups noutras áreas de atividade. Quanto às scaleups, sobre elas o Priberam nada diz. É uma palavra menos ouvida em Portugal que é usada para definir as startups tecnológicas que já angariaram financiamento superior a €1 milhão.

2. As startups são a solução para o desemprego?

“As startups são a melhor solução para o desemprego.” A frase foi dita por João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria, ao “Jornal de Negócios” a 20 de maio. Mas o tema não é consensual. Por exemplo, numa recente entrevista ao “Sol” o deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro, que escreveu um livro chamado “A Falácia do Empreendedorismo”, dizia que “com o empreendedorismo obtém-se o Bangladesh e não a Suécia”. Uma visão que parece confundir o simples autoemprego com a criação de empresas inovadoras de crescimento rápido. Os números falam por si: foi na Suécia que nasceu a Spotify, a mais valiosa startup europeia (avaliada em €5 mil milhões) e que já criou perto de 2 mil empregos. E no Reino Unido, o sector das fintech (tecnológicas financeiras) representou em 2015 um volume de negócios de €8,3 mil milhões, empregando 60 mil pessoas.

3. Como quer o Governo incentivar os empreendedores?

Esta semana foi lançada no Porto a Startup Portugal, a Estratégia Nacional de Empreendorismo composta por 15 medidas que visam apoiar os empresários que decidiram criar negócios inovadores. Além de reforçar os instrumentos de financiamento, o Governo cria um sistema fiscal favorável aos empreendedores: vão poder deduzir em sede de IRS até €100 mil investidos numa startup, além da revisão do regime de tributação das mais-valias obtidas através do investimento neste tipo de empresas. Será que vai dinamizar a economia? Para já não mexe nos números do PIB, mas pode dar origem a novas empresas que assumam grande dimensão daqui a poucos anos. E tem o efeito benéfico de atrair investimento estrangeiro e reter talento jovem que de outra forma iria emigrar.

4. Que outras iniciativas estão previstas?

Com esta nova estratégia, o Governo procura tornar Portugal num paraíso para as startups. Isto para que possa tirar partido da Web Summit, no início de novembro. Um megaevento que, durante três dias, torna Lisboa na meca do empreendedorismo mundial porque irá receber 50 mil pessoas de todo o mundo, entre os quais a nata dos investidores de capital de risco, líderes de tecnológicas e a imprensa mundial. Peça importante nesta estratégia foi o lançamento esta semana do Manifesto Português de Startups, uma espécie de magna carta onde estão elencados os desafios e as ações que o país tem que desenvolver para se tornar competitivo no sector. O documento constata que, entre 2010 e 2015, o ecossistema português criou 40 scaleups, que já captaram €146 milhões de capital de risco.

domingo, 12 de junho de 2016

Empreendedorismo e a transformação do mundo

"Os empreendedores têm sido absolutamente essenciais na transformação do mundo em que vivemos. Ao criarem novos negócios e novos mercados, tornam-se verdadeiros agentes de mudança da História".

Há cerca de 20 anos, tinha eu 14, a Internet ainda era uma novidade, algo muito primitivo comparando com os ‘standards’ atuais. E os computadores de que precisávamos para nos ligarmos online não só eram caríssimos como tinham menos capacidade que um ‘smartwatch’ moderno. Já na altura a Internet exercia um grande fascínio em mim e apercebi-me de que poderia ajudar as pessoas a comunicar, desenvolver o seu negócio e até mudar o mundo.

Comecei a construir ‘websites’ para empresas locais e, aos 16 anos, já tinha uma empresa em expansão com escritórios em vários países e uma lista de clientes impressionante. Embora os nossos resultados fossem muito bons, a minha principal motivação nunca foi a recompensa financeira.

Movia-me a grande curiosidade que tinha em relação à tecnologia, bem como a convicção de que a Internet iria mudar o mundo.

O rótulo "Empreendedor"

À medida que o negócio cresceu, chegou também o inevitável reconhecimento e cedo as pessoas começaram a escrever-me a propósito de eu ser um “empreendedor”, o que foi uma surpresa para mim já que – para ser franco – nem sequer sabia o que essa palavra queria dizer. Esta curiosidade conduziu-me ao que se tornaria um percurso de vida, não só ao nível do empreendedorismo, mas também da pesquisa do tópico para realmente compreender a sua essência. Tem sido uma viagem fantástica!

Mas o que faz com que alguém se torne empreendedor e não empresário? Isto pode parecer uma pergunta invulgar, mas é importante. Os académicos e os investigadores dedicam muito tempo a procurar definições, mas para mim a distinção, embora subtil, é clara. Um empresário é alguém que tem como objetivo fazer dinheiro com um produto ou serviço já existente, enquanto um empreendedor é alguém que usa a sua criatividade para construir uma organização em torno de uma visão nova e forte que visa mudar o mundo, quer do ponto de vista social quer cultural ou económico.
Falei com Sir Richard Branson, fundador do Grupo Virgin, que me disse: “O empreendedorismo implica assumir riscos, ir além do limite e não ter medo de falhar”. Uma visão partilhada por Jerry Yang, fundador do Yahoo!, que em conversa sublinhou: “O empreendedorismo significa encontrar uma missão comum e sólida para construir algo que tenha ‘impacto’ ou possa ‘mudar o mundo’”.

Agentes de mudanças globais

“Ter um propósito” ou querer mudar o mundo pode parecer uma ideia romântica, mas se olharmos para a nossa História vemos que um número considerável de avanços – dos telefones e da televisão às viagens aéreas ou automóveis – resultaram da seguinte conjugação de factores: um empreendedor teve uma ideia, adicionou-lhe visão e criatividade, e construiu uma organização.

Numa entrevista com Robin Li, fundador do Baidu, este disse-me que “os empreendedores têm sido absolutamente essenciais na transformação do mundo em que vivemos. Ao criarem novos negócios e novos mercados, tornam-se verdadeiros agentes de mudança da História. Isto tem acontecido ao longo de muitos séculos. Os empreendedores são os principais agentes de construção do futuro. O papel do empreendedor tem sido avaliar aquilo que as pessoas vão querer no futuro e mudar a forma como estas pensam e agem.  Eles são e continuarão a ser uma força vital na definição do mundo do futuro. Esta é uma grande responsabilidade…”.

Se eu comparar estas perspetivas com as dos gigantes no meu setor de atividade – a Internet – o resultado será semelhante.  Steve Case, fundador da AOL, um dia disse-me: “… agarrar numa ideia e torná-la disponível para todos, com escala e impacto, é uma grande motivação para os empreendedores. Há 30 anos, quando lançámos a AOL, apenas 3% das pessoas estavam online.

Achávamos que o mundo seria melhor se toda a gente estivesse online e lançámos mãos à obra.
“Levámos uma década para nos afirmarmos, sempre movidos pela ideia de que viver num mundo interligado e mais digital seria bom para a sociedade. A nossa motivação estava, em parte, ligada à ideia de construirmos o nosso próprio negócio, mas também à ideia de participar na construção deste novo meio de comunicação – a Internet”.

Eis a conclusão a que chego uma e outra vez: quanto mais aprofundo este tópico, mais simples ele se torna. Os empreendedores não são empresários; são artistas, cientistas, professores, desportistas e muito mais. A inovação corre-lhe nas veias e está a usá-la para mudar o mundo? Então é um empreendedor!

 

terça-feira, 7 de junho de 2016

Investir em startups vai ter regime fiscal mais favorável


Programa Startup Portugal quer ajudar a combater a elevada mortalidade das novas empresas, apoiando os jovens empresários no financiamento e internacionalização

Um novo sistema de vistos destinado a atrair quadros estrangeiros de empresas de base tecnológica e científica e a criação de um sistema fiscal "mais favorável" para os investidores das startups na sua fase inicial são algumas das medidas da Estratégia Nacional para o Empreendedorismo, ontem formalmente lançada, e que pretende ajudar o país "a conquistar o mundo".

O programa Startup Portugal consta de 15 medidas, distribuídas por três eixos - ecossistema, financiamento e internacionalização - e o objetivo não é tanto o de fomentar o empreendedorismo, até porque não falta disso no país, é sobretudo o de apoiar todas aqueles que já decidiram ser empreendedores, organizando, desbloqueando, promovendo a partilha de benefícios, as boas práticas e os recursos, diz o secretário de Estado da Indústria.

No que ao sistema fiscal diz respeito, o governo promete, entre outros, a possibilidade de deduzir em sede de IRS até 100 mil euros investidos numa startup, além da revisão do regime de tributação das mais-valias obtidas através do investimento neste tipo de empresas.

João Vasconcelos começou, precisamente, por lembrar que Portugal "é um país empreendedor" por natureza, com média de 3,4 novas empresas criadas por cada uma que foi encerrada em 2015. Mais importante, mais de metade do novo emprego que está a ser criado, diz, é por empresas com menos de cinco anos. O grande problema é a "elevada taxa de mortalidade" destas empresas, pelo que o governo considera que é fundamental "canalizar a sua energia" para o "apoio à sociedade civil que é empreendedora".

Criar uma rede nacional de incubadoras, que aglutine as mais de 60 estruturas deste tipo que existem em todo o país, alargar o simplex às startups, facilitando a sua relação com a administração pública, ou o desenvolvimento de medidas para um empreendedorismo "inclusivo e orientado para o emprego" são apenas algumas das medidas previstas no que ao ecossistema diz respeito. Já no pilar do financiamento, o governo vai alocar 10 milhões de euros para o startup voucher, que pretende apoiar projetos empreendedores na fase de ideia, com um cheque mensal de 691,70 euros durante um ano.

Uma iniciativa destinada a jovens até aos 35 anos, que podem viver em Portugal ou não. "É a melhor medida disponível para apoiar os jovens portugueses que emigraram e que gostariam de regressar e empreender em Portugal", diz João Vasconcelos.

Já o ministro da Economia lembrou que as startups vieram para ficar, até porque o crescimento económico "depende cada vez mais destas empresas". O primeiro-ministro destacou, por seu turno, que Portugal é "dos melhores países para se viver" e quer tornar-se, com esta nova estratégia, "o país mais atrativo e amigo do empreendedorismo na Europa".

António Costa quer que Portugal seja “o país mais amigo do empreendedorismo” da Europa

O primeiro-ministro quer fazer à escala nacional o que os municípios têm vindo a fazer no apoio ao empreendedorismo. E conseguir que Portugal seja um país "verdadeiramente startup".

 

António Costa quer transformar um “sonho” numa “ambição” e fazer de Portugal o “país mais acolhedor e amigo do empreendedorismo da Europa”. No encerramento do lançamento da Estratégia Nacional para o Empreendedorismo, o Startup Portugal, o primeiro-ministro reforçou que quer fazer “à escala nacional” o que os municípios têm vindo a fazer nos últimos anos e tornar Portugal “num país verdadeiramente startup“.

Afirmando que é possível que todas as entidades trabalhem em conjunto – Estado, autarquias e iniciativas privadas – numa “nova realidade económica da maior importância”, António Costa lembrou o momento em que lançou a Startup Lisboa juntamente com João Vasconcelos – atual secretário de Estado da Indústria – porque tinha visto “uma energia” que emergia na cidade e que era contrária ao “desemprego e à emigração que aumentava”. “Este movimento desenvolveu-se e proliferou por todo o país”, afirmou António Costa.

"Portugal pode ser o país da Europa mais empreendedor, não só pelas medidas que hoje apresentamos, mas porque nesta economia da inovação o fundamental é o talento”, afirmou o primeiro-ministro, acrescentando que Portugal tem hoje “a geração mais qualificada” de sempre, graças ao investimento feito nas últimas décadas no ensino. “Não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar esta geração”, afirmou.

Alertando que é preciso atrair empresários e investidores para trabalhar em Portugal, porque o país “não é só bom para passar férias”, António Cosa afirmou que a economia digital fez com que a localização se tornasse cada vez menos um “fator relevante” na hora de lançar empresas. “Vamos fazer de Portugal um Portugal startup“, afirmou.

Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, ressalvou que o crescimento económico está cada vez mais dependente das “empresas pequenas que se fazem grandes” e que o Governo não está a inventar as startups e o empreendedorismo, mas a colocar empresas, universidades e o Estado a trabalharem juntos.

"As startups estão cá para ficar e este Governo está cá para as apoiar”, afirmou o ministro da Economia.

Afirmando que Portugal é um dos melhores sítios para lançar uma startup, o ministro da Economia acrescentou que o Startup Portugal não quer dar apenas “boas condições” aos portugueses, mas permitir que “os empreendedores internacionais venham para cá”.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

The Europas: Empreendedores portugueses nomeados em várias categorias
  
Em meados de Junho decorre em Londres a conferência “The Europas Conference & Awards”. E há vários portugueses nomeados: desde a Beta-i, passando pela Unbabel e Farfetch.
Para os aficionados do futebol, 14 de Junho é um dia importante. Nessa data, realiza-se o primeiro jogo de Portugal no Euro 2016. Mas no mundo do empreendedorismo, as atenções dos portuguesas não vão estar voltadas para França mas sim para Inglaterra.

Em Londres, realiza-se a "The Europas Conference & Awards", um evento que se vai realizar em parceria com a Techcrunch. Além do leque de oradores e investidores que vão marcar presença, há vários portugueses nomeados nas várias categorias presentes.

No que diz respeito a aceleradoras, a Beta-i está nomeada para a categoria de melhor aceleradora. E na categoria de melhor start-up tecnológica na área de moda duas empresas portuguesas marcam presença: a Chic-by-Choice e a Farfetch.

Olhando para os melhores fundadores deste tipo de empresas, Carlos Silva e Jeff Lynn, impulsionadores da Seedrs, consta da lista de melhores fundadores de start-ups. Na categoria de start-up com crescimento mais acelerado, a Unbabel marca presença.

As votações estão já abertas.

The Europas – um evento diferente
Mike Butcher, fundador deste evento, explica num artigo publicado há dias no Techcrunch, que este evento vai assumir características diferentes das de outras iniciativas do género.

Essas diferenças pautam-se nomeadamente pelo número de pessoas que vão participar – serão entre 800 a 1000, a maioria das quais vai atender ao evento por convite. Não vão existir salas "Vip", sendo assim possível interagir com os oradores. Além disso, o evento não vai ser transmitido em streaming e vai contar com pequenas sessões em que vão participar os principais oradores.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Porto atrai empreendedorismo europeu


Quer conhecer os melhores business angels (investidores informais)? Quer ver como em 24 horas se pode desenvolver uma aplicação que pode melhorar o seu quotidiano? Então, este programa de fim de semana prolongado é para si.

A partir de hoje e até sábado à noite, o Porto vai dar mais um passo no sentido de se tornar “um laboratório vivo do empreendedorismo europeu”. Conversa fiada? Parece. Isto de querer fazer da cidade “um local onde as pessoas são inspiradas por uma nova cultura de risco e integradas num ecossistema multicultural e internacional”, deixa qualquer um desconfiado.

Mas a autarquia quer transformar a cidade “num espaço tecnológico, inovador e criativo”, capaz de atrair estrangeiros, criar emprego, desenvolvimento económico, e dar escala internacional a uma série de start ups. Isto é o projeto Scale Up Porto, que esta semana será reforçado com o congresso europeu (Scale Up Europe) promovido pela EBAN, a maior rede europeia de business angels, que juntará no edifício do Palácio da Bolsa da cidade mais de 100 empreendedores e mais de duas centenas de investidores informais e particulares (assim denominados por oposição aos investidores institucionais).

De destacar, que cerca de 80% vêm de várias cidades europeias, para partilhar experiências e mostrar exemplos de como e onde as start ups podem obter financiamento ou aceder a mercados, de modo a ganharem força e poder para que cresçam rapidamente.
“Estamos numa fase em que é fundamental os europeus unirem-se e fazerem coisas à escala europeia”, disse à VISÃO Miguel Henriques, presidente da Fnab, a federação portuguesa de associações de business angels, parceiro da EBAN e organizador do congresso. “Para vencer na dimensão, temos de saber lançar projetos globais.”

PORTUGAL CONCORRENCIAL

Daí que hoje e amanhã, empreendedores portugueses possam “falar de igual para igual com investidores estrangeiros”, aprender com outras experiências e, sobretudo, “projetar à escala europeia e não apenas ao nível de uma cidade ou país”. Nos dois dias de congresso, com várias sessões paralelas, serão discutidas as novas plataformas de crowdfunding, oportunidades de investimento na África e Médio Oriente, ou o empreendedorismo no feminino. Alguns projetos serão também apresentados aos potenciais investidores, “validando ideias e potenciais negócios”.

“A fase que estamos a viver é muito crítica. A Europa está bastante mais atrasada e não tem a dinâmica dos americanos, apesar de haver bons projetos e bons investidores”, vaticina Miguel Henriques, também ele um business angel, fundador da portuense Invicta Angels. Desde logo porque, na sua opinião, há ainda uma grande divisão dos mercados e a língua a funcionar como barreira, acentuando desvantagens face aos EUA.

Mas Miguel Henriques, que anda nisto desde 1998, considera que Portugal “já consegue ser concorrencial” relativamente aos seus congéneres europeus. “Temos empresas interessantíssimas, com ideias e tecnologia, com uma visão mais estratégica do negócio, num sistema muito mais desenvolvido e em fase de consolidação.” De tal modo, que a Fnab “tem tido vários business angels europeus a registarem-se em Portugal”, atentos ao que aqui se passa e alargando o leque de possibilidades. Estima-se que haja entre 300 a 350 business angels no país.

TRABALHAR BIG DATA EM BENEFÍCIO DA CIDADE

Também amanhã e sábado, o projeto Hackacity unirá Utreque (Holanda), Santander (Espanha) e Recife (Brasil) ao Porto numa maratona tecnológica de 24 horas non-stop. A iniciativa da empresa 7Graus, que tem por missão ajudar a melhorar a vida das pessoas, reunirá dezenas de equipas distribuídas pelas várias cidades envolvidas, em torno de um desafio: pegar em dados fornecidos pela Câmara Municipal do Porto e usá-los para desenvolver aplicações ou produtos que melhorem o quotidiano de quem usa a cidade.

Quem quiser ver como se pode usar big data ao serviço da comunidade é só ir espreitar o que se passa no Palácio das Artes. Os participantes terão ao seu dispor dados sobre mobilidade, turismo, ambiente e segurança, que serão apresentados na sessão de abertura. Depois, cada equipa – formada por programadores, designers, empresários e criativos – terá 24 horas para analisar esses dados e apresentar algo que contribua para o bem-estar da vida na cidade. O desafio é que cada um, mesmo os que estão na Holanda, em Espanha ou no Brasil, pense como um cidadão do Porto e arranje soluções para problemas detetados através da informação obtida.

E estes são duas das coisas mais visíveis a acontecer, que contribuirão certamente para que o Porto forme o tal “ecossistema” amigo do empreendedorismo e do investimento, que a ligarão a outros Scale Ups e que permitirão que algumas start ups chamem a atenção de investidores e ganhem escala internacional.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

LETS, a oportunidade dos jovens serem empreendedores sociais

O Laboratório de Empreendedorismo para a Transformação Social – LETS – é o novo programa de empreendedorismo social, dirigido aos jovens da autarquia de Famalicão, em parceria com a associação YUPI.

Chama-se LETS e quer pôr os mais jovens a pensar e a discutir o empreendedorismo social. Ainda que pareça um conceito distante, o foco está “em educar” e encontrar soluções inovadoras para “problemas sociais como o desemprego ou a desmotivação dos jovens”, explica a autarquia em nota de imprensa. Como? Em cinco sessões temáticas, com uma carga horária total prevista de 15 horas, a decorrer ao longo do mês de Junho, no Gabinete de Apoio ao Empreendedor, em Famalicão.

A iniciativa parte da Câmara Municipal, através do Famalicão Made In, uma plataforma de desenvolvimento económico do concelho, e da associação YUPI (Youth Union of People with Initiative). O LETS está também inserido no projecto internacional E3 – Entrepreneurship Education for Employment, co-financiado pela Comissão Europeia. 

A primeira sessão, agendada para 9 de Junho, vai contar com a presença profissionais internacionais que trabalham para obter soluções inovadoras para os problemas sociais mais prementes das comunidades. Renato Sara (Perú), Rose Chequ (China), Milisen Gutierrez (Honduras) e Eduardo Pereira (Brasil) são alguns dos convidados. As restantes sessões vão ser orientadas por profissionais, com o objectivo de “dotar os participantes de competências e instrumentos que lhes permitirão colocar em prática novos projectos”, avança a autarquia. Num processo que se pretende que culmine com os participantes a serem capazes de propor um negócio que promova a transformação social. 

Os projectos seleccionados vão ser premiados com serviços de acompanhamento e consultoria do Famalicão Made In durante seis meses, com uma participação gratuita num bootcamp e com o acesso a três bolsas “Erasmus para Jovens Empreendedores”, com duração de dois a seis meses. As ideias seleccionadas vão ainda participar no concurso internacional YESSS (Youth Entrepreneurship Solutions for Sustainable Society), promovido no âmbito do E3. As inscrições estão abertas e são limitadas a 20 participantes.

 

sábado, 21 de maio de 2016

Vila Real aposta no empreendedorismo agro-alimentar

O parque de ciência e tecnologia Regia Douro Park foi inaugurado esta sexta-feira, numa cerimónia que contou com a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.

Duas semanas depois da abertura do Túnel do Marão, o interior-norte continua a lutar para corrigir as assimetrias regionais. É neste contexto que surge o Regia Douro Park para “dar vida e fazer rentabilizar os investimentos feitos em infra-estruturas da região”, de que é exemplo, precisamente, o túnel. É esta a opinião do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, expressa na cerimónia de inauguração do Parque de Ciência e Tecnologia de Vila Real, que decorreu nesta sexta-feira. Um complexo que quer dar vida a projectos nas áreas da agricultura, da enologia, da viticultura, da economia verde, da valorização ambiental e das tecnologias agro-ambientais.

O Regia Douro Park funciona como uma “alavanca do conhecimento”, constituída por uma incubadora de empresas, um centro de negócios, lotes industriais e por um pólo de investigação, o Centro de Excelência da Vinha e do Vinho (CEVV). Estruturas que pretendem “transformar conhecimento em valor” ao prestarem apoio técnico e na área da gestão a empresas, empreendedores e investigadores nacionais e estrangeiros. O parque empresarial e industrial, que está direccionado para a instalação de empresas agro-alimentares e na área da vinha, tem um total de cerca de 10 hectares, dividido em 26 lotes, quatro dos quais já foram comercializados.

Um projecto que resulta de um “sonho” da autarquia de Vila Real e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e que conta com o apoio Portuspark, uma entidade de capitais privados que gere uma rede de incubadoras na região norte. Foram precisos 9,5 milhões de euros para a obra, dos quais 85% do total investido foi coberto pelos fundos do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

Para Manuel Caldeira Cabral, o “desenvolvimento das regiões faz-se pelas empresas, com os empresários, com a valorização dos produtos locais”. A pensar nisso, surge a parceria com a UTAD, num reconhecimento de que é necessária uma adequação da oferta formativa das universidades à realidade empresarial do meio em que se inserem, para que, num futuro próximo, “haja investigação aplicada, haja transferência de conhecimento, haja transferência de tecnologia entre o mundo académico e o mundo empresarial ”, salienta o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos. A partir da definição das prioridades de um determinado sector, a UTAD vai colocar os seus investigadores “a fazer investigação de acordo com a procura dos interesses das empresas, e não como no passado em que os interesses eram meramente internos”, assegura António Fontainhas Fernandes, reitor da Universidade.

Em funcionamento há cerca de um ano, o parque tem uma taxa de ocupação a rondar os 80% e 30 empresas instaladas que dão trabalho a cerca de 100 pessoas. Um parque que, para o responsável pela pasta da Economia, se “insere muito na política do ministério: valorização da inovação, do conhecimento, mas também valorização da diferenciação regional e da riqueza que Portugal tem aí, quer a nível dos produtos, quer a nível da oferta turística”. Sendo o turismo um factor com influência no desenvolvimento regional, Caldeira Cabral frisa a importância de criar novos destinos turísticos, por um "Portugal mais amplo".

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Semana Start & Scale potencia o Porto como centro de inovação e empreendedorismo

De 20 a 28 de maio, o Porto promove a Semana Start & Scale, com iniciativas dirigidas aos mais variados públicos, que prometem reforçar a cidade como centro de inovação, empreendedorismo e emprego, à escala nacional e internacional.

Esta semana surge como uma iniciativa da estratégia ScaleUp Porto e materializa os primeiros passos na concretização do Manifesto apresentado oficialmente em abril. Os eventos e atividades pretendem envolver não só scaleups, as empresas com elevado potencial de crescimento, mas também vários intervenientes do ecossistema empreendedor como grandes empresas, indústria, investidores nacionais e internacionais, entidades de ensino e os cidadãos.

Reuniões entre startups e indústria com vista à exploração de oportunidades bilaterais, apoio à procura de talento, de emprego e de criação de novas empresas, captação de interesse de investidores nacionais e internacionais, exploração do potencial de redes internacionais de apoio ao crescimento empresarial, desenvolvimento de soluções que melhorem a vida na cidade, animação de rua e celebração, farão parte de uma agenda que abarcará as diversas fases do processo de desenvolvimento de um negócio.

O maior evento da semana - o ScaleUp For Europe, Congresso Anual da Rede Europeia de Business Angels - acontece de 25 a 27 de maio no Palácio da Bolsa, Palácio das Artes e Hard Club, e coloca o Porto na rota de potenciais investidores internacionais. Este evento atrairá business angels e fundos de capital de risco e representa o ponto de partida para a criação de uma rede ScaleUp Europeia. Formação para startups e investidores, conferências temáticas sobre o crescimento das empresas e o papel do investimento neste processo, parcerias público-privadas, crowdfunding, entre outras, são algumas das atividades e temas desenvolvidos no ScaleUp For Europe.

A semana termina com o regresso do Hackacity, a maratona de programação, organizada pela 7Graus e pela Câmara do Porto. Tendo a cidade como laboratório, convida os participantes a desenvolver aplicações que tenham impacto na vida da cidade, usando big data. A edição deste ano tem uma novidade especial: acontece simultaneamente em várias cidades do mundo, como Santander, Utecht, Amersfoort, Olinda e Recife, que responderam positivamente ao desafio lançado pela cidade do Porto para se associarem ao movimento.

Paralelamente a estes eventos, a Rua da Flores transforma-se durante toda a semana, numa verdadeira celebração do tema, com animação e atividades que envolverão a comunidade e os que por lá passam. Labirintos de elásticos, jogos de perspicácia e até o tradicional "jogo da macaca" são algumas das atividades redesenhadas que se centrarão nos "7 Passos para o Sucesso", convidando os participantes a abordar algumas das questões vividas pelas empresas que se encontram em fase de crescimento.

Com o ScaleUp Porto, a cidade formaliza um compromisso para se tornar um catalisador na criação de um ecossistema sustentável de empreendedorismo e inovação, como parte de uma estratégia alargada e coordenada que se poderá refletir por toda a Europa.

+Info: www.scaleupporto.pt

segunda-feira, 16 de maio de 2016

O seu projeto é viável? Pergunte à Viable

Um português e dois espanhóis querem um ecossistema empreendedor mais eficiente. Puseram mãos à obra e criaram a Viable. Esta segunda-feira, a empresa lança o protótipo do primeiro produto.

Os destinos de Jaime Parodi Bardón, de 35 anos, e de Manuel Azevedo Coutinho, de 30, cruzaram-se em Portugal. Mais concretamente num curso de empreendedorismo do Lisbon MBA, em 2015. Antes disso, o empreendedor espanhol, formado em engenharia informática, já tinha trabalhado em várias empresas e cofundado outras duas. Mas viajou para Portugal na mesma. Queria “adquirir novas ferramentas”.

Durante o mestrado em administração de empresas (criado em parceria pela Universidade Católica Portuguesa e pela Universidade Nova), Jaime Bardón estagiou na Gleam, uma empresa de comércio eletrónico. Foi aí que deparou com um problema que lhe viria a trocar as voltas: a quantidade de projetos que era preciso avaliar consumia demasiado tempo e recursos à empresa.

Na empresa em que o Jaime trabalhava recebiam muitos projetos, que tinham de ser avaliados. Era difícil alocar recursos para a avaliação das ideias que apareciam”, explica Manuel Coutinho, que, à data, não sabia que acabaria a criar uma empresa com Jaime Bardón. “Surgiu-lhe então a ideia de fazer uma plataforma que selecionasse mais automaticamente” projetos e ideias na área do empreendedorismo, acrescenta.

A semente já lá estava, o resto estava para vir. Jaime Bardón convidou Manuel Coutinho, colega no MBA, para fazer parte do projeto e a Viable começou a ganhar forma. “Não queria estar envolvido neste mundo apenas como criador de conteúdos ou como criativo. Queria criar algo por mim mesmo”, explica o português, que, quando regressou de Londres — onde estudara Design de Comunicação — já tinha trabalhado na área e fundado a Tone Toys, que diz ser “a primeira e única empresa portuguesa de pedais de efeitos para guitarras”.

A Jaime Bardón e a Manuel Coutinho, juntou-se José Alonso. Esta segunda-feira lançam o primeiro protótipo: o Viable Report, “uma ferramenta virtual que permite aos empreendedores verificarem a viabilidade das ideias e, numa fase secundária, encontrarem ligações a outros stakeholders, que ajudarão a levar essas ideias para o mercado”, como explicam os responsáveis na rede digital F6S.
unnamed
Os três fundadores da Viable: Jaime Parodi Bardón (à esquerda), Manuel Azevedo Coutinho (ao centro) e José Alonso (à direita)
Incubada na Fábrica de Startups, a Viable nasce para poupar tempo às incubadoras, aceleradoras e competidoras que procuram projetos interessantes.

O Viable Report é um ponto de ligação entre empreendedores e programas de incubação, aceleração e competição. Destina-se a qualquer empreendedor que queira entrar num destes programas. Por outro lado, também damos oportunidade às incubadoras e aceleradoras de fazerem scouting [prospeção] de ideias”, resume Manuel Coutinho.

Como funciona? A ferramenta avalia projetos e ideias de empreendedores de forma automatizada, a partir de tecnologia de analytics. Os critérios de análise podem ser definidos pelas incubadoras ou aceleradoras (numa segunda fase, a ideia é alargar a ferramenta a investidores e stakeholders). Selecionados os critérios, a ferramenta avalia a informação dada por cada empreendedor, produzindo um relatório com um parecer sobre a viabilidade dos projetos.
O parecer será um de três: aprovação, rejeição ou recomendação de revisão. No último caso, a plataforma ajuda os empreendedores com “aconselhamento adequado” – para que a ideia se aproxime mais do que os avaliadores procuram. Além disso, os responsáveis querem estar ligados a várias entidades do ecossistema português, para circular informação que possa revelar-se útil. “Uma ideia que não resulte na Startup Lisboa pode ainda assim ser interessante para a Beta-i”, explica Manuel Coutinho, a título de exemplo.

Por um ecossistema empreendedor “mais eficiente”

A Viable partiu da vontade de beneficiar dois grandes polos do ecossistema, segundo os responsáveis: o polo dos empreendedores, que ganham um acesso mais facilitado a quem pode apoiar os seus projetos; e o das entidades que têm de avaliá-los, que poderão poupar tempo e recursos num processo de análise que passa a estar automatizado.

A ideia é que ninguém perca oportunidades: nem os empreendedores de verem o seu projeto apoiado, nem os avaliadores de verem um projeto interessante escapar-se-lhes, por falta de tempo para o avaliar. “Queremos que o ecossistema esteja mais ligado, que consiga partilhar mais informação entre si, para que nenhuma ideia perca a oportunidade de se materializar”, diz Manuel Coutinho.

Achamos que esta é uma forma mais eficiente de avaliar novos projetos e novas ideias do que a que existe hoje. Achamos que o processo pode e deve ser automatizado, permitindo as pessoas se foquem antes nas componentes mais estratégicas [do seu negócio]. O objetivo é aumentar a eficiência do ecossistema no seu conjunto”, acrescenta ainda.

Quanto ao futuro, os responsáveis — que terminaram agora o Beta-Start, um programa de pré-aceleração para empreendedores da Beta-i [uma aceleradora nacional] — afirmam estar concentrados na fase de ultimação do produto, para mais tarde se dedicarem a “procurar investimento, para o poder escalar”.

Por ora, estão a fazer contactos com eventuais parceiros, como a Beta-i e a incubadora Startup Lisboa, por exemplo. E Jaime Parodi Bardón — que diz que está neste projeto a full-time, ainda que mantenha outras empresas em Espanha — diz mesmo que tem havido “um bom feedback por parte de algumas incubadoras” com que têm contactado. A ambição, essa, “é de chegar ao mercado internacional”.


Aprender a ser empresário 

De norte a sul do país há uma vaga de crianças e jovens que estão a ser chamados para o empreendedorismo. São mais de 300 mil os que já contactaram com as metodologias que ensinam a criar negócios e a trabalhar por conta própria

Chama-se Pão Alão, inspirado na lenda de um cão que se chamava Alão e que terá dado origem ao nome Alenquer, e tem plano de negócios. O milho vai ser semeado, colhido, moído e o processo de fabrico está a ser desenhado em parceria com agricultores, moleiros e padarias.

O financiamento do projeto baseia-se na venda de pequenos moinhos feitos a partir de materiais reciclados... a colegas, professores, pais e escolas do agrupamento. Falta explicar, pois, que este é um projeto que está a ser desenvolvido por alunos dos 2.º e 3.º anos da Escola Básica de Santana da Carnota, no concelho de Alenquer.

As receitas da venda dos moinhos servirão para comprar farinha, que será depois transformada em pão em três padarias locais. O dito pão, de milho e trigo, terá a forma de um cão (o da lenda do Alão), com passas e pepitas de chocolate. Será vendido em supermercados da comunidade e aos pais dos alunos e as receitas já têm destino. Uma parte será doada a uma instituição de solidariedade, outra servirá para comprar jogos para os tempos livres na escola e outra ainda para guardar (poupar).

Foram estas as sugestões dos pequenos empresários que estão a desenvolver o projeto, orientados pela professora Cláudia Miranda, que tem o sonho de ver o Pão Alão à venda.

Este é um dos cerca de 60 projetos, de um total de 600 alunos, que serão apresentados entre 17 e 22 de maio na Feira de Empreendedorismo Jovem de Alenquer. “O empreendedorismo é estratégico no município”, afirma Paulo Franco, vereador da Câmara Municipal de Alenquer. Só no 1.º ciclo há quatro agrupamentos no concelho, com cerca de 160 alunos, a trabalhar o empreendedorismo este ano (e mais 430 do 6.º ao 12.º anos), através de uma parceria com a Associação Industrial Portuguesa (AIP). Através dos Ateliers Empreender Criança, no ensino básico, e da Academia Empreender Jovem, no ensino secundário (incluindo técnico-profissional), a AIP tem sido uma das mais ativas promotoras na introdução ao empreendedorismo nas escolas. “No ensino básico é comum aparecerem ideias que assentam muito em produtos endógenos da região onde os alunos vivem (compotas, ervas aromáticas, bolachas caseiras, frutos secos), mas no ensino secundário são concebidos projetos muito interessantes ligados à reciclagem, produtos biológicos, novas tecnologias e tendências de moda”, descreve José Eduardo Carvalho, presidente da AIP.

Os projetos arrancam com uma sessão com os professores que desenvolvem as atividades em ambiente de sala de aula. “Nesta sessão, os docentes ficam a conhecer a metodologia que devem seguir para a concretização com sucesso dos objetivos do projeto, bem como os instrumentos associados às atividades, que incluem, entre outros, manuais, jogos, storytellings, quizz e recursos DIY (Do It Yourself)”, explica José Eduardo Carvalho. A grande mais-valia, acrescenta, é que, uma vez adotados os instrumentos numa escola, esta fica “apta, nos anos seguintes, a voltar a implementar as atividades praticamente de forma autónoma”. De resto, “são projetos que reúnem uma elevada capacidade de adaptação ao sistema educativo e podem ser complementados por outros a que as escolas possam já ter aderido”, adianta.

Este ano, por exemplo, os Ateliers Empreender Criança e a Academia Empreender Jovem decorrem associados à iniciativa Portugal Sou Eu, sob o lema “Gerar ideias a pensar português”, em 76 escolas, predominantemente das regiões Norte e Centro do país. Recorde-se que o programa Portugal Sou Eu, lançado em 2012 pelo governo, tem o objetivo de melhorar a competitividade das empresas portuguesas, promover o equilíbrio da balança comercial, combater o desemprego e contribuir para o crescimento sustentado da economia. Até ao momento, estão qualificados com o Selo Portugal Sou

Eu mais de 3500 produtos, que, no seu conjunto, representam um volume de negócios agregado superior a 3,1 mil milhões de euros. Nas escolas, o propósito é explicar e transmitir a toda a comunidade escolar, mas em especial aos cerca de três mil alunos envolvidos, conceitos de incorporação nacional que resultem na elaboração de projetos empreendedores.

“O impacto mais determinante tem a ver com o facto de se estar a trabalhar com um público que representa a geração do amanhã e que se encontra numa fase determinante da sua formação enquanto pessoa. Considera-se que a introdução, nesta fase, de novos conceitos e metodologias de trabalho e, por outro lado, a promoção de competências pessoais e técnicas de empreendedorismo irão contribuir para o crescimento destes alunos e para uma maior preparação para os desafios que uma sociedade cada vez mais competitiva e em constante mutação lhes irá apresentar”, remata o presidente da AIP.

O que mudou em 10 anos
De acordo com informação cedida à EXAME pelo Ministério da Educação, foi a partir de 2006 que se passou a imprimir “uma particular atenção ao desenvolvimento de iniciativas integradoras e sistémicas junto das escolas, através da promoção do Projeto Nacional de Educação para o Empreendedorismo - PNEE (integrado no projeto educativo das escolas que a ele aderiram entre 2006 e 2009)”. Objetivos? “Fomentar a apropriação social do espírito e da cultura empreendedora, promover a educação para o empreendedorismo desde os primeiros anos de escolaridade, contribuir para a criação de ambientes de aprendizagem motivadores, gratificantes e exigentes em contextos formais e não formais.”

Na altura, recorda Francisco Banha, CEO da GesEntrepreneur, uma das primeiras entidades dedicadas à educação e formação em empreendedorismo em Portugal, “estávamos perante um ambiente macroeconómico que se caracterizava pela necessidade de trabalhadores qualificados, pelo que a educação visava basicamente a preparação dos jovens tendo em vista o desempenho de funções por conta de outrem”.

Mais tarde, “a emergência da crise financeira mundial e o seu impacto brutal no modelo organizacional em que assenta a economia ocidental, que levou à destruição massiva de postos de trabalho, fez com que, infelizmente, o termo ‘empreendedorismo’ passasse a ser demasiadas vezes utilizado com uma conotação negativa e associada a uma receita milagrosa para os ‘males’ do desemprego através da criação do próprio negócio”, sublinha.

A missão da GesEntrepreneur tem sido, assim, “incutir nas crianças e jovens uma cultura empreendedora assente no desenvolvimento de competências que certamente os irão preparar para serem cidadãos ativos e socialmente integrados e participativos”. Como? Através da capacitação de recursos (com apoio e formação aos professores), aulas de empreendedorismo, desenvolvimento de projetos e concursos de ideias.

As crianças do 1.º ciclo que participam no programa, com conteúdos pedagógicos adequados ao seu nível escolar, apresentam os resultados do seu trabalho “à comunidade através de um momento particularmente entusiasmante, a que damos o nome de Feira Empreendedora do Gaspar”, conta Francisco Banha. O Gaspar é um personagem que “assume a representação física do empreendedorismo e através do qual damos forma e animação a um conceito complexo e inibidor para os alunos”, explica.

Este ano letivo, a GesEntrepreneur tem desenvolvido o seu projeto em mais de 200 agrupamentos de escolas a nível nacional, abrangendo cerca de 500 professores e 16 mil alunos. Nos concursos de ideias “prevemos ter mais de 750 ideias por todo o país, sendo que algumas delas (principalmente no ensino profissional) acabam por ter, a exemplo de anos anteriores, algumas probabilidades de serem implementadas. A título de curiosidade, refira-se que na primeira edição do Shark Thank português já tivemos dois projetos, oriundos dos Projetos Escolas Empreendedoras de Viseu Dão Lafões e dos Açores, alvo de financiamento por parte dos investidores”.

Não se nasce empreendedor
Acreditar que podem ser o que quiserem quando crescerem é uma vantagem de trabalhar o empreendedorismo, defende Erica Nascimento, CEO da Junior Achievement (JA) Portugal. “Os programas da JA dão-lhes razão, formando-os com as ferramentas necessárias para fazerem a diferença num futuro próximo.” A empresa atua em Portugal desde 2005 – nos Estados Unidos desde 1919, é a maior e a mais antiga organização mundial educativa sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo – e oferece programas desde o ensino básico ao universitário, para alunos dos 6 aos 30 anos.

“Acreditamos que não se nasce empreendedor, aprende-se a sê-lo”, afirma a responsável. O objetivo dos programas da JA é desenvolver nos alunos competências de resolução de problemas, criatividade, iniciativa, trabalho em equipa, organização, cidadania, responsabilidade pessoal, capacidade digital e visão de como funcionam as organizações. “Através do princípio de learning by doing, os alunos erram, repetem, falham de novo, e assim aprendem. Interagem com as comunidades à volta das escolas e colocam as suas ideias em prática”, descreve Erica Nascimento. “Os professores dizem que o relacionamento entre os alunos melhora, que mostram mais interesse pela escola e são mais responsáveis pelos projetos em que se envolvem.”

Para a JA, os primeiros anos escolares são cruciais para o percurso académico dos alunos. É nesta fase que mais têm “vontade de descobrir, explorar e experimentar”. É no início de cada ano, no segundo período letivo, que arrancam os programas do ensino básico da Junior Achievement Portugal, onde desenvolvem competências como a gestão do tempo, o gosto pelo risco, responsabilidade, cidadania, ética e trabalho em equipa. “Competências que, independentemente do percurso profissional futuro destes alunos, serão características diferenciadoras no mercado de trabalho”, sublinha Erica Nascimento.

No programa A Empresa, por exemplo, os alunos desenvolvem ao longo de um ano letivo uma ideia de negócio, com o apoio de voluntários e professores, passando pelas várias etapas da criação de um negócio – desde o brainstorming inicial para a criação de uma ideia inovadora ao estudo de mercado, plano de negócio, às vendas e, por fim, a liquidação. As miniempresas são ainda sujeitas a vários momentos de avaliação ao longo do ano letivo. Em abril, “organizamos sete Feiras Ilimitadas Regionais (Lisboa, Coimbra, Porto, Vila Real, Cascais, Évora e Faro), que são a primeira oportunidade que os alunos têm para expor as suas ideias e receber feedback do público. Ali são apuradas as 25 equipas que vão à final. Em maio realiza-se a competição nacional, onde estão presentes as melhores 25 miniempresas criadas durante o ano em todo o país – a vencedora representa Portugal numa competição europeia do mesmo programa, promovida pela JA Europe, este ano em Lucerna, na Suíça”, descreve a responsável.

No programa Braço Direito, Um Dia no Teu Futuro, os alunos têm contacto com a realidade empresarial de uma empresa associada, passando um dia de trabalho com um voluntário, que o introduz e apresenta à realidade da sua organização e das suas funções. A primeira edição realizou-se durante a Semana Global do Empreendedorismo, em novembro de 2015, e a segunda em março deste ano. No total das duas edições, cerca de 500 alunos passaram o dia com 500 voluntários nas suas organizações.

“Uma das características da nossa organização é aproximar dois mundos tipicamente afastados: o das empresas e o da educação, fazer a ponte entre a teoria e a prática, entre o sector público e o privado”, afirma Erica Nascimento. “Prova de que as organizações e a educação não comunicam de forma eficiente é o facto de milhões de jovens terem um grau universitário na Europa e 39% das empresas terem dificuldade em encontrar as pessoas com as competências certas que procuram.”

Este ano, em parceria com o Laboratório de Investimento Social, a JA desenvolveu um estudo para medir o impacto e as transformações sentidas pelos alunos que fizeram um ou mais programas nos últimos 10 anos. “Os alunos dizem que desenvolvem competências como a criatividade, a capacidade de ultrapassar obstáculos, de lidar com a incerteza, de definir novas estratégias, de avaliar o potencial de uma ideia, de criação de um negócio, de falar em público, de trabalho em equipa ou a abertura para sair da zona de conforto. E dois terços dos jovens dizem colocar em prática conhecimentos adquiridos com a JA todos os dias”, refere Erica Nascimento. “Seguimos orientações da Comissão Europeia, que recomenda, por exemplo, que todas as crianças e jovens tenham, pelo menos, três experiências de educação para o empreendedorismo ao longo do seu percurso académico.”

Manual para mudar o mundo
Da Europa vem também o reconhecimento por um projeto português, em Campo Maior. O manual Ter ideias para mudar o mundo, direcionado para um público dos 3 aos 12 anos de idade (há já um segundo direcionado a jovens com mais de 12 anos), foi reconhecido como uma boa prática pela Comissão Europeia e um modelo a replicar pelas escolas na Europa. Foi também considerado um dos 20 projetos mais inspiradores pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O manual é um projeto que se baseia na metodologia educativa desenvolvida no Centro Educativo Alice Nabeiro, da Coração Delta, associação de solidariedade social do Grupo Nabeiro. O centro educativo de Campo Maior é promotor da metodologia de treino de competências empreendedoras para crianças dos 3 aos 12 anos, aberta a outras entidades públicas e privadas. De acordo com as informações cedidas à EXAME pelo Grupo Nabeiro, estão em curso várias formações no país, com destaque para a região do Vale do Ave.

No município de Vila Nova de Famalicão, por exemplo, já há projetos em curso. E na região de Beja, com suporte do Politécnico de Beja, a formação de professores também está numa “fase avançada. Noutras regiões do território temos exemplos de escolas que continuam a implementar a estratégia após a formação inicial, como é o caso do Norte Alentejano, Alentejo Central, Ribatejo e ainda Beira Interior.

Destacamos ainda a participação do Centro Educativo Alice Nabeiro no projeto ERASMUS+ (novo programa da União Europeia para a educação, formação, juventude e desporto para o período de 2014‑2020), que representa Portugal ao lado de Itália, Espanha, Bulgária e Polónia.
Outro projeto mais recente é o The Inventors, que nasceu no final de 2015 com foco na tecnologia, com o “objetivo de inspirar miúdos e graúdos para o mundo da criação”, afirma Manuel Câmara, responsável pela iniciativa. “Queremos inspirar o maior número de pessoas a criar, sejam novos produtos, software ou até mesmo um robô para entreter o animal de estimação em casa. Desmistificamos a tecnologia e mostramos o quão acessível e divertido é o caminho”, explica.

O The Inventors parte da premissa de que as ferramentas tecnológicas hoje disponíveis permitem a qualquer pessoa dar vida às suas ideias, e é nesse caminho que procura motivar os seus jovens alunos. “Qualquer um é capaz de se aventurar e seguir no mesmo caminho de Steve Jobs, Bill Gates e Elon Musks no mundo. Basta desmistificar as ferramentas e tecnologias e criar a motivação para se aventurar – e é isso que fazemos com o nosso programa escolar”, acredita Manuel Câmara. “As nossas aulas, workshops e kits exploram programação, eletrónica, design e animação”, mas também “respondem a uma necessidade de desmistificar a tecnologia e motivar os alunos a explorarem competências nas áreas CTEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), para as quais se estima que em 2020 faltarão em Portugal cerca de 100 mil profissionais”, sublinha o responsável.

O The Inventors está já a promover aulas extracurriculares em 11 escolas na região de Lisboa e promete lançar em breve kits educativos com base nessas experiências. “Alguns dos nossos kits e workshops irão estar presentes no LoureShopping, de março a junho, e no Gaia Shopping, a partir de agosto.”

O programa escolar The Inventors pretende promover o empreendedorismo em três frentes: desenvolver as competências CTEM necessárias para a concretização de ideias de novos produtos ou serviços, estimular nos alunos autoconfiança e uma atitude destemida perante os desafios e despertar a paixão pela criação e desenvolvimento de projetos. “Desenvolvendo projetos de eletrónica, programação e robótica, introduzimos os nossos alunos no mundo da prototipagem rápida e do desenvolvimento de produto. Confirmamos que este estímulo surte efeito quando vemos que eles chegam a casa e refazem as criações desenvolvidas em aulas (hacking). Este é o primeiro passo para o desenvolvimento de algo novo. E esta é a base para se entrar na ‘nova revolução industrial’”, acredita Manuel Câmara.

Prémio para jovens engenheiros
Para promover o gosto pelo empreendedorismo, sobretudo nas áreas da engenharia e da ciência, em jovens estudantes, a COTEC Portugal lançou o Prémio Portugal, País de Excelência em Engenharia, destinado a alunos e professores do 3.º ciclo do ensino básico (7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade). “É ponto assente que o empreendedorismo se aprende, se desenvolve”, afirma o presidente da COTEC. Para Francisco Lacerda, “quanto mais cedo se apreender e fizer parte integrante da formação de um jovem, mais esse jovem contribuirá de forma decisiva para o processo de criação de uma economia dinâmica e competitiva”.

O prémio da COTEC, cujo concurso está a decorrer, pede aos alunos que identifiquem uma dificuldade real e que, através de conceitos de engenharia, ciência ou computação, desenvolvam um protótipo que responda ao problema detetado. “Acima de tudo, pretendemos que os estudantes portugueses ganhem, desde idades mais jovens, o gosto pelas ciências e engenharia. Que convivam mais com conceitos tecnológicos, muito mais fáceis de assimilar e apreender em idades precoces, para que o nosso país desfrute do contexto ideal ao florescimento de profissionais de futuro ligados a áreas científicas”, adianta Francisco Lacerda. Porque quem não semeia não colhe.

NÚMEROS

4000
alunos, 184 professores, 34 escolas do ensino básico (1.º e 2.º ciclos) e 33 do ensino secundário estão envolvidos no projeto Youth Start - Entrepreneurial Challenges, o maior projeto europeu em educação em empreendedorismo construído em colaboração com os Ministérios da Educação e autoridades públicas de Portugal, Áustria, Eslovénia e Luxemburgo. O projeto tem a duração de três anos (de janeiro de 2015 a dezembro de 2017)

180
é o número de agentes educativos (e 2800 alunos) a que o manual Ter ideias para mudar o mundo, do Centro Educativo Alice Nabeiro (Grupo Delta), chegou em oito anos
200
é o número de alunos com idades entre os 8 e os 16 anos, em 11 escolas da Região da Grande Lisboa, que o recém- -lançado projeto The Inventors já conquistou, com base em eletrónica, programação e robótica
12.000
euros é o valor do primeiro prémio Portugal, País de Excelência em Engenharia (o segundo lugar recebe seis mil euros e o terceiro dois mil), promovido pela COTEC Portugal. O concurso está aberto a todas as escolas do 3.º ciclo do ensino básico e pretende promover o gosto pela engenharia e ciência nos jovens

 

domingo, 15 de maio de 2016

Dois anos de Village Underground Lisboa. “Sempre fomos os underdogs das startups”

 

As indústrias criativas sempre foram "os underdogs das startups", diz Mariana Duarte Silva, que há dois anos lançou o Village Underground Lisboa, onde hoje trabalham 35 empreendedores.

As indústrias criativas “ao contrários de outras indústrias, como as digitais e de apps, não têm business angels nem investidores”. São uma área “mais arriscada e menos atrativa, sempre fomos os underdogs das startups“, resume Mariana Duarte Silva, fundadora do Village Underground Lisboa, o espaço de coworking destinado às indústrias criativas que este sábado celebra o seu segundo ano de existência, com um programa de aniversário que inclui concertos (dos portugueses Ganso e Mesa), DJ sets, exposições e peças de teatro breves, entre outros eventos.

Foi também para combater essas dificuldades que Mariana Duarte Silva regressou a Portugal em 2009, vinda do Reino Unido. Chegou com um intuito: inspirada pelo Village Underground de Londres, criar um espaço semelhante em Lisboa. “Decidi que queria fazer isto na minha cidade e o sócio fundador de Londres, o Tom [Croxfot], foi louco o suficiente para dizer” que sim, recorda.
Os autocarros e contentores servem de escritórios a 35 empreendedores, neste momento

O Village Underground Lisboa (VUL) nasceria cinco anos mais tarde, em 2014. Passados dois anos, o espaço de coworking, situado em Alcântara, tem já 14 contentores marítimos e dois autocarros da Carris, que foram reaproveitados e que servem hoje de escritório a 35 empreendedores, que ali desenvolvem 19 projetos diferentes. Mas o início foi tudo menos fácil, recorda a responsável.

Em 2009, quando voltei, Lisboa estava muito fechada, em crise profunda. Ninguém queria ouvir falar de mim, dos contentores, dos autocarros ou do empreendedorismo. Tive muita dificuldade em fazer o plano [de negócio], em arranjar o espaço e os parceiros. Felizmente não desisti: havia qualquer coisa dentro de mim que me dizia que isto um dia podia resultar”, lembra a fundadora do VUL.

Um projeto que se fez com 250 mil euros (mas não só)

Um dos sinais de que o projeto se podia materializar chegou em 2012, quando a Câmara Municipal de Lisboa “decidiu abraçar o projeto” e assinar um protocolo de colaboração, ajudando na parte das “licenças, burocracias e promoção”. A Carris, depois de lhe ter fornecido três autocarros “para começar o projeto, lembrou-se do espaço” que se encontrava desaproveitado no Museu da Carris, em Alcântara, e que a empresa queria “rentabilizar”. Com isto e com 250 mil euros de investimento inicial — metade feito por Mariana Duarte Silva e pelo seu sócio inglês, a outra metade em linha de crédito concedida pelo Montepio em condições “mais vantajosas”, fruto da sua passagem pela Startup Lisboa —, o projeto veria a luz do dia.

O meu objetivo sempre foi que isto não fosse apenas uma área de trabalho, mas também um espaço de eventos, que é o que também existe em Londres. Temos tido a sorte de experimentar muita coisa aqui. Uns conceitos resultam melhor do que outros, mas continuamos a ser um espaço de experimentação”, explica Mariana Duarte Silva.

Os custos, contudo, não se resumem a esse investimento inicial. O Village Underground Lisboa “é uma estrutura com custos fixos mensais muito pesados”, explica a responsável. Há a renda a pagar mensalmente a Carris, pelo aluguer do espaço. Há “os custos de internet e de eletricidade, que são elevados”. E existem ainda despesas relacionadas com “seguros”, que também são onerosas, diz. Para suprir os custos, o Village Underground Lisboa tem três áreas de faturação: a renda do aluguer dos espaços de trabalho, que custa “150 euros por mês, com tudo incluído”, e que os responsáveis querem manter “baixa”; os eventos que ali são produzidos e os espaços que as marcas alugam para eventos seus; e a cafetaria local.

As fontes de receita, contudo, não chegam para avançar com um projeto que a fundadora do Village Underground Lisboa quer pôr em prática: o de fazer obras num armazém ali localizado, para que esta possa servir como “sala de espetáculos indoor, que era o que nos faltava. Para apresentações de marcas, para festas, exposições e eventos de teatro e cinema”, diz. Para tal, Mariana Duarte Silva vai tentar fazer mais um crédito no Montepio, “no valor de 60 mil euros”.

Projetos incubados: de uma produtora de teatro aos organizadores do Boom Festival

Entre os 19 projetos incubados no Village Underground Lisboa estão, por exemplo, a produtora de teatro Buzico (que ali organiza sessões de teatro breve, que decorrem nos contentores do VUL), o Contentor 13, um programa da RTP2 ali “inspirado, criado e produzido” e a Good Mood, “que organiza o Boom Festival”, em Idanha-a-Nova, e que ali se encontra incubada há sete meses.

Os espaços do Village Underground Lisboa são ainda utilizados por pessoas singulares e para os mais variados fins, como explica a responsável: “O Bruno Miguel está aqui a fazer um doutoramento em música, a Ana Cunha faz branding para grandes marcas, o Manuel Marçal organiza percursos alternativos de fado, a Filipa Barbosa trabalha em comunicação de ciência — com workshops onde explica ciência a miúdos, pais e professores — e a Magda [Gradil] é medica e trabalha aqui como pintora”, relata, a título de exemplo.

Há uma coisa, contudo, que une os 19 projetos: a sua ligação à área das indústrias criativas. “Por cá já passaram à volta de 50 profissionais”, explica Mariana Duarte Silva. Todos com projetos dessas áreas, sendo que a exceção terá sido quando ali estiveram “duas advogadas a trabalhar na área das questões jurídicas para startups”, que entretanto já se mudaram, até porque “a rotatividade é muito grande”, explica a fundadora do VUL, que acrescenta ainda que o espaço de coworking costuma ter uma taxa de ocupação que ronda os 70%.

Ao longo destes dois anos, o que mais mudou no Village Underground Lisboa foi mesmo o espaço em que este se insere. “Tem sido melhorado sempre e estou sempre a tentar melhorá-lo. Mas também em programação estamos sempre a tentar evoluir no tipo de eventos que fazemos, nos mercados que organizamos, nos artistas que convidamos, nas exposições, em tudo. Tem havido uma evolução gradual”, relata. Hoje, Mariana Duarte Silva diz que, nestes dois anos de Village Underground, “não faria nada de diferente”. Mas garante que “há ainda muito por fazer”, particularmente na sua relação do VUL com a comunidade de Alcântara e com a Carris.

Infelizmente, a Carris não valoriza tanto quanto podia valorizar a existência deste projeto num espaço seu. Não potencializa a nossa relação, mas também sei que tem de partir de mim a iniciativa de organizar mais eventos que os envolvam e que envolvam as pessoas que aqui trabalham. Houve muita resistência da parte mais antiga [da Carris]” quando ali se instalaram, admite.

E se em maio se dá a festa de segundo aniversário do Village Underground Lisboa, o futuro próxima não se esgota aí. Afinal, para junho, estão já agendados dois eventos: um evento patrocinado pela marca de skates Element, dias 4 e 5 junho, onde serão dadas “aulas a crianças” e onde skaters da marca mostrarão os seus dotes, e o “Alcântara toca discos”, um evento que durará também dois dias, 18 e 19 de junho, que foi organizado “em colaboração com a junta de freguesia de Alcântara” e que terá no seu programa concertos (um deles na capela de Santo Amaro) e uma feira de discos de vinil, organizada com o DJ e radialista da Antena 3 Rui Miguel Abreu.

Sobre os objetivos de futuro “a ideia é continuar a trabalhar este espaço, a ter residentes das mais diferentes áreas e continuar a evolução”, explica a responsável.