domingo, 12 de junho de 2016

Empreendedorismo e a transformação do mundo

"Os empreendedores têm sido absolutamente essenciais na transformação do mundo em que vivemos. Ao criarem novos negócios e novos mercados, tornam-se verdadeiros agentes de mudança da História".

Há cerca de 20 anos, tinha eu 14, a Internet ainda era uma novidade, algo muito primitivo comparando com os ‘standards’ atuais. E os computadores de que precisávamos para nos ligarmos online não só eram caríssimos como tinham menos capacidade que um ‘smartwatch’ moderno. Já na altura a Internet exercia um grande fascínio em mim e apercebi-me de que poderia ajudar as pessoas a comunicar, desenvolver o seu negócio e até mudar o mundo.

Comecei a construir ‘websites’ para empresas locais e, aos 16 anos, já tinha uma empresa em expansão com escritórios em vários países e uma lista de clientes impressionante. Embora os nossos resultados fossem muito bons, a minha principal motivação nunca foi a recompensa financeira.

Movia-me a grande curiosidade que tinha em relação à tecnologia, bem como a convicção de que a Internet iria mudar o mundo.

O rótulo "Empreendedor"

À medida que o negócio cresceu, chegou também o inevitável reconhecimento e cedo as pessoas começaram a escrever-me a propósito de eu ser um “empreendedor”, o que foi uma surpresa para mim já que – para ser franco – nem sequer sabia o que essa palavra queria dizer. Esta curiosidade conduziu-me ao que se tornaria um percurso de vida, não só ao nível do empreendedorismo, mas também da pesquisa do tópico para realmente compreender a sua essência. Tem sido uma viagem fantástica!

Mas o que faz com que alguém se torne empreendedor e não empresário? Isto pode parecer uma pergunta invulgar, mas é importante. Os académicos e os investigadores dedicam muito tempo a procurar definições, mas para mim a distinção, embora subtil, é clara. Um empresário é alguém que tem como objetivo fazer dinheiro com um produto ou serviço já existente, enquanto um empreendedor é alguém que usa a sua criatividade para construir uma organização em torno de uma visão nova e forte que visa mudar o mundo, quer do ponto de vista social quer cultural ou económico.
Falei com Sir Richard Branson, fundador do Grupo Virgin, que me disse: “O empreendedorismo implica assumir riscos, ir além do limite e não ter medo de falhar”. Uma visão partilhada por Jerry Yang, fundador do Yahoo!, que em conversa sublinhou: “O empreendedorismo significa encontrar uma missão comum e sólida para construir algo que tenha ‘impacto’ ou possa ‘mudar o mundo’”.

Agentes de mudanças globais

“Ter um propósito” ou querer mudar o mundo pode parecer uma ideia romântica, mas se olharmos para a nossa História vemos que um número considerável de avanços – dos telefones e da televisão às viagens aéreas ou automóveis – resultaram da seguinte conjugação de factores: um empreendedor teve uma ideia, adicionou-lhe visão e criatividade, e construiu uma organização.

Numa entrevista com Robin Li, fundador do Baidu, este disse-me que “os empreendedores têm sido absolutamente essenciais na transformação do mundo em que vivemos. Ao criarem novos negócios e novos mercados, tornam-se verdadeiros agentes de mudança da História. Isto tem acontecido ao longo de muitos séculos. Os empreendedores são os principais agentes de construção do futuro. O papel do empreendedor tem sido avaliar aquilo que as pessoas vão querer no futuro e mudar a forma como estas pensam e agem.  Eles são e continuarão a ser uma força vital na definição do mundo do futuro. Esta é uma grande responsabilidade…”.

Se eu comparar estas perspetivas com as dos gigantes no meu setor de atividade – a Internet – o resultado será semelhante.  Steve Case, fundador da AOL, um dia disse-me: “… agarrar numa ideia e torná-la disponível para todos, com escala e impacto, é uma grande motivação para os empreendedores. Há 30 anos, quando lançámos a AOL, apenas 3% das pessoas estavam online.

Achávamos que o mundo seria melhor se toda a gente estivesse online e lançámos mãos à obra.
“Levámos uma década para nos afirmarmos, sempre movidos pela ideia de que viver num mundo interligado e mais digital seria bom para a sociedade. A nossa motivação estava, em parte, ligada à ideia de construirmos o nosso próprio negócio, mas também à ideia de participar na construção deste novo meio de comunicação – a Internet”.

Eis a conclusão a que chego uma e outra vez: quanto mais aprofundo este tópico, mais simples ele se torna. Os empreendedores não são empresários; são artistas, cientistas, professores, desportistas e muito mais. A inovação corre-lhe nas veias e está a usá-la para mudar o mundo? Então é um empreendedor!

 

Sem comentários:

Enviar um comentário